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Revisitando clássicos: A arte de Luiz Melodia em Pérola Negra

  • Foto do escritor: ietisonoravoz
    ietisonoravoz
  • 7 de abr.
  • 3 min de leitura
Luiz Melodia | Foto: Reprodução
Luiz Melodia | Foto: Reprodução

Revisitando clássicos é o novo quadro da CRIS. E, pra essa estreia, a gente pega um fragmento de 1973 e vai na direção de Pérola Negra, disco de estreia do rei Luiz Melodia, lançado pela gravadora Philips. O trabalho une samba, blues, rock, forró e soul em uma síntese muito particular do artista, que é um dos maiores compositores da música brasileira. 


Do Estácio pro mundo

Luiz Melodia cresceu no São Carlos, no Estácio, um dos redutos do samba e da boemia carioca. Da apresentação de Waly Salomão e Torquato Neto, que o apresentaram a Gal Costa, à gravação de “Pérola Negra” em 1971, o Brasil tomou conhecimento da poesia cheia de sentimento do artista. Dois anos depois, nasce o disco de mesmo nome.



Estética e elementos sonoros de Luiz Melodia

Pérola Negra ia na contramão das estéticas dominantes dos anos 70. Enquanto a MPB trazia um certo som "sofisticado", Melodia se apresentava com inúmeras referências — da guitarra elétrica ao violão de roda de samba. A sonoridade do disco é ímpar: choro com swing de jazz, soul que se mistura ao samba-canção, blues cheio de poesia marginal. 

Pérola Negra | Capa
Pérola Negra | Capa

Amor, intensidade e contradição

As composições de Pérola Negra traduzem a alma de um artista que preferia sugerir do que explicar. Seus versos falam de amores cheios de dúvida — “baby, te amo, nem sei se te amo” —, paixões intensas — “escreva num quadro em palavras gigantes” — e entregas como em “arranje algum sangue, escreva num pano”.


No disco, a lírica de Luiz Melodia não é linear, mas cheia de cortes e metáforas quase que imagéticas, como no blues: uma expressão intensa da dor e do desejo, da marginalidade e do afeto. Pérola Negra é sobre as dores de amar num mundo em transformação. 


Faixas destaque

  • Pérola Negra

  • Vale Quanto Pesa

  • Estácio, Eu e Você



Um projeto de vanguarda

Infelizmente, Pérola Negra não foi um sucesso imediato de vendas. Na época, a indústria ainda engessada — tratou o projeto como algo “difícil”, por fugir aos padrões do mercado. Mas essa resistência só reforçou a força de Luiz Melodia: um artista que se recusava a ser “só” um gênero musical.


A arte de Pérola Negra é sublime, e isso transparece em cada detalhe do disco — da composição impecável à escolha da produção musical, que funciona como uma verdadeira cama pra voz memorável de Luiz Melodia.


Foto: Reprodução Web
Foto: Reprodução Web

Nova edição em vinil

Cinco décadas depois de sua estreia, Pérola Negra ganhou no ano passado uma nova edição pela Universal Music — em vinil fumê translúcido.


O relançamento trouxe arranjos de nomes como Perinho Albuquerque e Arthur Verocai, e participações de Altamiro Carrilho, Canhoto, Dominguinhos e Damião Experiença.



Pra acompanhar o disco

Disponível no Globoplay, o documentário Luiz Melodia – No Coração do Brasil foi dirigido e roteirizado por Alessandra Dorgan, e mergulha na história do artista como um retrato afetivo, com depoimentos de amigos, familiares e parceiros musicais.


Revisitar Pérola Negra é lembrar que arte não precisa pedir licença pra chegar. Que poesia pode nascer da dor, da rua, da contradição. Que a liberdade estética e afetiva é uma das principais ferramentas de um poeta. O disco de Luiz Melodia continua atual mesmo hoje. Olhar pra esse clássico é também refletir sobre como música é sentimento.



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